De acordo com o Correio da Manhã, as prostitutas já andam em crise...
A crise chegou ao negócio do sexo. No Alentejo, as prostitutas estão a vender os programas de prazer a preço de saldo para sobreviver à forte concorrência das casas e bares de alterne situadas na raia espanhola. Sem clientes e rendimentos para sobreviver, muitas mulheres começam agora à procura de um novo trabalho, sobretudo nas limpezas.
“Isto está péssimo. Há muita concorrência neste ramo e temos de enfrentar as casas espanholas que praticam preços um pouco mais elevados mas com outro tipo de condições. Há dois anos atendia cinco ou seis clientes e agora apenas um ou dois. Muitos dias nem faço programas”, lamentou Andreia (nome fictício), uma das cerca de 300 prostitutas sinalizadas na região do Alto Alentejo por Abel Ribeiro, um sociólogo que fez em 2005 um estudo sobre a prostituição na região (ver entrevista). O objectivo era desviar as mulheres da vida nocturna para o mercado de trabalho com recurso a acções de formação qualificadas. As prostitutas queriam participar nos cursos, mas a intenção do sociólogo alentejano esbarrou na falta de apoio das instituições.
Andreia, 32 anos, de nacionalidade brasileira, passou largos meses a trabalhar em casas de alterne no centro e sul do País. Estabeleceu-se mais tarde no Alentejo, onde alugou uma casa com amigas e compatriotas.
“Para ganhar algum dinheiro que dê para enviar para a família cobramos por programa um preço igual ao praticado há dez anos. Tem de ser assim para podermos sobreviver. Já ando à procura de um trabalho decente para conseguir juntar dinheiro.”
Nos bares de alterne, na prostituição de rua ou em casas particulares os preços estão ‘institucionalizados’. Os programas podem custar dos dez euros (sexo oral) aos sessenta (sexo com casais ou com uso de instrumentos).
“Um programa pode até chegar aos 100 ou 200 euros. Depende do que o cliente quiser”, sublinha Andreia.
Face à crise, algumas mulheres que trabalham em bares de alterne ou em casas alugadas já começaram a pedir dinheiro emprestado para pagar dívidas. Nos jornais chegavam a colocar anúncios diversificados para atrair a clientela. Agora, anunciam uma ou, no máximo, duas vezes por semana.
“Vieram para Portugal para ganhar a vida, sujeitando-se a trabalhos na prostituição em estabelecimentos de alterne sem o mínimo de condições. Muitas vivem em situações precárias e com contratos de trabalho como empregadas de balcão”, frisa Abel Ribeiro, que identificou cerca de setenta casas de alterne nas regiões de Évora e Portalegre. A maioria dos estabelecimento encontra-se nos concelhos situados no eixo Lisboa-Madrid. Montemor-o-Novo, Estremoz e Borba são as localidades onde existem, segundo as autoridades, mais bares de alterne.
Segundo o sociólogo, a maioria destes estabelecimentos não tem as mínimas condições. “São espaços desconfortáveis e com pouca higiene. Os bares têm entre três a cinco mulheres, quase todas brasileiras provenientes das grandes cidades. São poucos os que têm mais de dez prostitutas”, explica o sociólogo.
Ao contrário do que acontece noutras regiões do País, no Alentejo já não aparecerem mulheres para trabalhar nos bares com mais de 45 anos. “A maioria tem bom aspecto físico. Os proprietários dos bares sabem que é preciso combater a concorrência espanhola”, acrescentou.
ROTA DA PROSTITUIÇÃO
Como tantas outras mulheres brasileiras, Andreia deixou a família numa favela do Rio de Janeiro para ganhar a vida com o próprio corpo. Atravessou o Atlântico rumo a Portugal no início de 2000, através de um contacto de uma amiga, mas ficou poucos meses. Regressou três anos depois.
“Hoje já não há muitas redes de prostituição. As mulheres já conseguem vir para Portugal em liberdade e fazer a sua vida. Os contactos partem quase sempre de amigas ou conhecidas que estão nesta vida em Portugal. Depois amarram um lugar para nós num bar”, explicou.
Andreia trabalhou em estabelecimentos de alterne. Atendia clientes e fazia, em muito menor número, shows de strip ou table dance. Um ano depois conseguiu legalizar-se e sair das amarras dos proxenetas, fixando-se numa pequena casa em Évora.
Os seus contactos com os clientes são estabelecidos através de uma chamada telefónica. “Atendo de tudo um pouco. Muitos jovens e homens com mais de quarenta anos. De vez em quando sou procurada por casais”, referiu.
Nas casas de alterne o negócio do sexo começa não por uma chamada telefónica mas por uma bebida. Os preços variam entre os três euros (uma cerveja de 33 cl) e os 15 euros (bebidas brancas). Uma bebida para as prostitutas é paga a dez euros. As mulheres ganham uma percentagem.
“Elas raramente bebem álcool. O empregado do bar traz quase sempre um sumo. Facilmente o cliente gasta numa noite cinquenta euros no bar. De vez em quando pode haver algum programinha no reservado”, esclareceu Andreia.
Depois de bem bebido e de uma dança com a alternadeira ao som de música romântica e iluminada pelo colorido das bolas de espelho do estabelecimento, o cliente é encaminhado para quartos ou residências quase sempre propriedade do dono da casa de alterne. Para não serem apanhadas pelas autoridades, as prostitutas têm contratos de trabalho no bar e de arrendamento do quarto.
REVOLTA E ANGÚSTIA
As mulheres que deixam o seu país rumo a Portugal sabem que vão ingressar no negócio do sexo. “Aceitam esta vida para ganhar dinheiro rápido. A maioria quer voltar ao seu país ou conseguir trazer a família. Outras deixam-se levar pelos vícios do álcool e da droga”, sublinhou Abel Ribeiro, que durante a elaboração do estudo sobre a prostituição viveu momentos marcantes. Durante as conversas com as mulheres da vida muitas acabaram por se emocionar.
“Quando perguntava se queriam mudar de vida acabavam a chorar. Elas sabem ao que vieram, têm necessidade de ganhar dinheiro, mas também sentem desgosto, revolta e angústia pela vida que levam”, lembrou o psicólogo e proprietário da empresa Terceiro Sector, dedicada a cursos de formação e apoio técnico a projectos de âmbito social.
Quase todas as profissionais do sexo aceitavam participar em cursos de formação relacionados com secretariado, relações públicas e restauração.
“Na altura não houve interesse das instituições sociais para se avançar com o projecto de valorização das competência profissionais dessas mulheres. Agora parece haver nova abertura.”
SEXO À ESPANHOLA
Enquanto as prostitutas em Portugal desesperam por clientes, do lado de lá da fronteira qualquer dos dias da semana serve de pretexto aos portugueses para uma visita aos serviços do sexo. Roberto (nome fictício), 28 anos e residente na zona da raia alentejana, explica como se processa a rota espanhola do prazer.
“Talavera e Badajoz são as zonas mais procuradas pelos portugueses que preferem Espanha por ter mais qualidade, oferta e higiene. Os jovens até aos trinta anos costumam ir em grupo, num ambiente de festa ou em despedidas de solteiro. Os mais velhos vão sozinhos, preferem a discrição e tornam-se muitas vezes clientes assíduos da mesma mulher”, conta.
Os bares de alterne espanhóis funcionam, tal como os portugueses, com determinadas regras. O cliente entra, após uma selecção mais ou menos rigorosa por parte dos porteiros, visto que o que conta é o “aspecto físico ou o tamanho da carteira”.
Segue-se a primeira bebida da noite, quase sempre uma cerveja para não pesar muito no bolso. Seis euros e uns tragos depois, um “boa noite” com sotaque do Brasil dá o mote para a conversa. A prostituta dá quase sempre o primeiro passo para o diálogo.
“Há quem vá apenas para olhar. Se for esse o caso, agradecemos o convite mas dizemos que não estamos interessados. Aí, deixam-nos e partem para outra.”, diz Roberto, avisando, em seguida, que não convém ter “muitas vezes este comportamento” sob pena de não poder voltar a entrar no bar.
A quem mostrar um sorriso ou oferecer dois dedos de conversa é imediata a aproximação corporal. Apalpões, beijos e carícias mútuas fazem parte deste ritual.
É tempo de regatear um preço, normalmente durante uma segunda bebida. Da conversa e do hábito de frequentar estes estabelecimentos os portugueses percebem que a maioria das prostitutas é oriunda da América do Sul, dos países do Leste da Europa e África. “Há para todos os gostos, o difícil é escolher”, confessa o cliente.
Normalmente um programa completo ronda os quarenta euros. Se o cliente quiser apenas sexo oral o preço nunca é superior a vinte euros. A estes valores soma-se sempre mais três euros para o preservativo e para os lençóis descartáveis usados nas camas. Os quartos são sempre num dos pisos superiores destas casas.
Chegado a um consenso do valor a pagar pelo cliente, este é depois “convidado a subir”.
CONSUMO DE ÁLCOOL E DROGAS
Quase todos os homens que procuram as mulheres da vida bebem álcool ou consome drogas antes do sexo. Muitos são jovens, entre os 18 e os 25 anos, outros têm mais de 40 anos e são de classe média e média-alta. Esta situação, de acordo com as autoridades, ocorre com maior frequência nos estabelecimentos de alterne do que em casas alugadas por prostitutas. “Nos bares, que encerram de madrugada, convida-se ao consumo de bebidas alcoólicas. Parte dos homens aceita o sexo depois de alcoolizado”, referiu a GNR. Segundo esta força, alguns dos envolvidos em acidentes de viação ocorridos de madrugada são clientes do alterne e acusam no teste de álcool.
IN "Correio da Manhã"
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